segunda-feira, 19 de abril de 2010

Rotina pública


ODEIO ROTINAS!

Era páscoa, eram 15 dias sem ouvir voz de gente grauda a tentar incutir à força toda uma cultura pela qual nem sempre nos desperta o maior dos interesses.

OCUPAÇÃO? ir ter com o namorado.

Assim sendo, praticamente todos os dias apanhava um autocarro. Era sempre o número 12, era sempre às 14.35h, era sempre amarelo e preto,: Era rotineiro.

Eram sempre 10 pessoas quando eu entrava no autocarro.

Era sempre a mesma senhora calada de cabelos negros e húmidos que comigo, esperava a chegada do transporte.

No centro de Taveiro entrava sempre um casal de namorados que não se beijavam: lambiam-se.

No entanto era sempre este par que dava ao autocarro um aspecto mais juvial.

No entretanto não entrava ninguém até ao cemitério da Ribeira, entrava sempre a mesma senhora muito velhinha, com um aspecto muito dócil e meigo.

As conversas eram uma rotina: Era o tempo, a crise, os netos ou os jornais.

Na paragem seguinte aquela senhora de cabelos cor de pessêgo e com enormes tacões fazia questão de ocupar lugar. Entrava sempre sem 'picar' a senha, passar o passe ou pagar a viagem ao motorista. Ela nunca pagava.

Continuava-mos a viagem, o itinerário era já rotina.

Entravamos na avenida Fernau Magalhães onde via sempre uma senhora com os seus 60 anos, muito arranjada e com um corpo escultural. Era também aqui que a senhora gordinha que andava sempre cheia de sacos também entrava.

Ela conhecia a senhora dos tacões que entrava de borla, no entanto só lhe dizia adeus quando esta saía.

Esta mesma senhora cumprimentava meio autocarro e tropeçava sempre. Era a sua rotina.

Passávamos pela estação dos comboios e entrava mais dois ou tres idosos.

Eu saía já na próxima paragem: 'beira rio'.

As portas abriam, e eu, sorrateiramente, abandonava o transporte.


  • Às estantas está agora o rapaz, que estava sempre de phone's, a escrever no seu blog que sempre que entrava no autocarro via uma rapariga que observava tudo, sempre com um penteado diferente e sempre com o telemovel na mão. Saí sempre na mesma paragem e ia sempre ter com um rapaz alto e moreno que a esperava todos os dias. Sim, esta rapariga sou eu e consegui criar uma própria rotina sem me aperceber.

Era uma rotina à qual assistia (e praticava) todos os dias, e sabem que mais? gostei!

ADORO ROTINAS !


Sem comentários:

Enviar um comentário